segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O "(in)correcto" n`Os Lírios - uma primeira abordagem


A minha experiência com o petit-Lenormand, quer individual, quer grupal (nomeadamente nos grupos de facebook) tem-me alertado para o uso indiscriminado de termos como correcto, incorrecto, bem, mal, karma, destino e outros... Sou muito reservado e até imparcial quando a questão é sobre karma, religião ou espiritualidade. A maioria das vezes remeto-me ao silêncio. O conceito de karma, na minha opinião, pode não ser o mais adequado, porque o PLenormand não tem vinculação a religiões ou filosofias, pelo menos na sua essência. A maioria das vezes uso a terminologia psicológica "life-span" (período de duração de vida), com a conotação de "bagagem" adquirida. Subjectividades de lado, pretendo focar-me na carta dos Lírios. Os séculos XVIII e XIX eram caracterizados pela concepção de família vitoriana e judaico-cristã, entendida como um corpus patriarcal, com o paterfamilias, a materfamilias e os liberi. Uso a terminologia latina, porque a concepção de família nos séculos supracitados, pouco diferia da concepção de família dos séculos III-II a. C. Este conceito é risível, hodiendamente, uma vez que o ser humano começa (felizmente!) a ser entendido na sua unicidade num contexto de pluralidade. O Lírio Lenormand, na sua génese, adoptava este conceito de moralidade judaico-cristã, caracterizado por uma candura e comportamento virtuoso quase virginal e dissecado de quaisquer "vísceras" não morais. O lírio aparece também associado à figura mariânica cristã, assexualizada e "politicamente correcta", esposa fiel e subordinada socialmente a um José também ele "assexuado". Neste contexto afloram conceitos-chave do Lírio petit-Lenormand como família, estabilidade, protecção auxílio, suporte e pureza quase "santificada". Contrariamente, o lírio na antiga Hélade e, posteriormente na França, adquiria a conotação de sexualidade expressa, nas figuras mitológicas de Apolo, Jacinto, Perséfone e nos versos de Charles-Pierre Baudelaire. Estes conceitos vão ser assimilados pelo cartão dos Lírios e trazer a sexualidade como um dos significados mais evidentes do mesmo. Entendamos os Lírios como família (não a da instituição religiosa judaico-cristã) e, por extensão, como sexualidade humana manifesta. No método da distância e da proximidade, as cartas à esquerda e sob o Significador são enfraquecidas e as cartas à direita e sobre o Significador têm o seu significado ampliado (recorde-se que o contexto, a proximidade, o afastamento, o "clouded", o "not clouded", a polaridade e a circunvizinhança são também determinantes). Cartas como as Nuvens, o Anel e os Lírios, só para exemplificar as mais proeminentes, também têm a sua interpretação influenciada pela sua posição à esquerda ou à direita da carta do Significador (tomando o mesmo como as cartas 28 ou 29, respectivamente). Onde encontramos, pois, o conceito de "(i)moralidade" do Lírio Lenormand? "Phillipe", no seu BLW de 1846, afirma que " Os Lírios...colocados acima [do cartão] da Pessoa, indicam que a mesma é virtuosa; se [colocados] abaixo da Pessoa, os princípios morais da mesma são dúbios". Sintetizando, sobre a pessoa, a regra tradicional, indica comportamento socialmente aceitável, honestidade e autenticidade e sob a pessoa, comportamento questionável ou mesmo considerado incorrecto na "norma" social. Nestas posições, as cartas hospedadas na circunvizinhança dos Lírios vão prognosticar onde se manifesta o comportamento (in)correcto do indivíduo. (Continua)
Uma óptima semana a todos e uma vez mais o meu obrigado expresso.

Jorge

E A FÉNIX RENASCE DAS CINZAS........ Luz e Trevas no Lenormand – O naipe de Ouros [texto sujeito a revisão e aperfeiçoamento póstumos]



O Schellen alemão (sino), mais conhecido entre nós pelo nome de diamante, losango, moedas ou ouro, aparece no Petit Lenormand sob a égide do elemento Fogo (vide Helen's Lenormand dictionary, inhttp://lenormanddictionary.blogspot.pt/p/helens-lenormand-dictionary.html) e traduz na leitura factores externos ao indivíduo, caracterizados pelo inopino aparecimento de oportunidades e inoportunidades, contextos de adição e subtração significativos, onde a marca da luz e das trevas se faz presente. Entenda-se luz como uma potencialidade apresentada e trevas como uma eliminação da mesma. Esta observação é bem visível em cartas que, intrinsecamente, apresentam o factor escuridão, eclipse, ceifamento bem presente, nomeadamente o Caixão (ou Urna) e a Foice. A carta número 10 Lenormand, o Caixão, traz em si, significados como fim (o “the end”), o eclipsar, o mortificar, o apragmatizar, além da conotação evidente de doença psico-emocional e orgânica. A Foice apresenta conotações idênticas, mas a sua acção é sempre uma transformação (positiva ou negativa). Esta lâmina é caracterizada pela sua implacabilidade, pela sua extração célere e imprevisível de algo que já está morto ou mesmo em processo de putrefacção, seja ele um sentimento, um pensamento, um órgão do nosso organismo, um indivíduo ou mesmo uma conjucção de situações desnecessárias. Ela também caracteriza a energização aplicado no modus laborandi do homem agrícola, e por extensão, do odontologista, o médico cirurgião e o criminoso. A Foice e o Caixão são duas cartas que potencializam uma transformação, mas também todos os processos que minimizam ou inutilizam o ser humano, retrocessos e terminações inevitáveis no nosso life-span cycle, extinções, eclipses e cortes indispensáveis, interna ou externamente, de elementos impossibilitadores do desenvolvimento do animal humano e do animal não-humano (usando a terminologia biológica).
O schellen petit- Lenormand outorga os cartões Trevo(02), Aves(12), Caminhos(22), Livro(26), Sol(31), Chave(33) e Peixes(34) e oferece o oportunismo aos jogadores e o empreendimento aos Indies da vida. Mas é também um naipe cujo efeito é imperdoável e implacável, quase imperceptível, cujos efeitos são significativamente percebidos só no processo de cicatrização. Estão nestas condições o Trevo, o Sol, a Chave e os Peixes, o Caixão e a Foice. O continuum luz-trevas lenormand é perfeitamente compreendido nestes cartões. O Trevo oferece o factor o (como denomino o factor “oportunidade”), momento esse, efémero e diminuto, momento de luz, que pela sua fragilidade, rapidamente se extingue e volatiza (momento trevas). A expressão latina “Carpe diem” é, na minha opinião, a melhor caracterização do Trevo Lenormand. Na nossa vida diminuta, assim como na desta planta, a oportunidade é única e irrepetível.
O Caixão eclipsa o factor light da vida, a luz, num processo de mortificação, que para muitos é um rebornig para uma nova oportunidade. É preciso morrer para nascer de novo.
A Foice (10) é imperativa na nossa vida. Este instrumento de trabalho, quando aparece no jogo, movimenta, rapidifica, imediatiza, intercepta e irrevoga. A Foice Lenormand é celerígrada, modificadora, movimentadora abastecedora e, inversamente, assassina, e aqui a sua inquestonável associação à criminalidade. Ela extingue e adicciona, favorece a luz, na sua capacidade de surpreender, adquirir e recolher, conquanto traduz as trevas, na sua potencialidade de exterminadora implacável.
Uma outra carta, as Aves, Pássaros ou Corujas(12) manifestam o continum luz-trevas, na sua acção concomitante volátil, dúvia, verbal e flertiva, onde umas escapadelas de fim-de-semana, são uma luz ao fundo do túnel e mesmo uma libertação, nesta ininterrupta actividade pipiante, irritativa e exasperante transmitida pela carta.
O cartão Caminhos ou Encruzilhada(22), uma outra lâmina que transmite uma acção concomitante, oferece igualmente a possibilidade do caminho da luz ou do caminho das trevas, na sua significação de divisão, intersecção, multiplicidade, alteridade, dubitabilidade e opcionalidade oferecidas ao indivíduo.
O cartão 26, o Livro, irradia conhecimento e acção formativa e educativa, na sua vertente luminosa. Inversamente a sua vertente obscura transmite o ignoto, o secreto, o desconhecido e o inacessível. Quanto mais conhecimento e formação temos, mais esclarecidos e iluminados somos e assim funciona a lâmina no Grand Tableau Lenormand. Quanto mais distanciado do cartão do Significador, menor é a importância da tenebridade oculta.
Entramos no domínio da big-card, O Sol, numericamente o cartão 31 Lenormand. A carta vivifica o indivíduo, encandece e ignifica uma situação, mas inversamente, há a possibilidade do encandeamento do sujeito. A Chave, o cartão Lenormand n.º33, traduz magnificamente esse continuum luz-trevas, na sua potencialidade afirmativa e solucionável, a acção de “abrir”, mas também intransponível e subtractora, a acção de “fechar” qualquer contexto.
Finalizo com o K do naipe, medalhado no cartão Peixes(34). Aqui o factor luz é dominante, dado que a carta encerra em si significados como multiplicidade, materialização, abastecimento, corporeidade, produtividade, profundidade, intensidade e expansibilidade. O factor trevas só é bem notório, quando a lâmina aparece afastada do cartão do significador.
Esta dissertação permite uma primeira análise do naipe de ouros do petit-Lenormand, na sua manifestação luz-trevas e assim a tentei transmitir. O naipe em estudo é, na minha opinião, o mais heterogéneo de todos os existentes, permitindo uma multiplicidade de significações, onde o indivíduo mergulha no continuum luz-trevas ininterrupta e ciclicamente. Como verificado, há cartões naipeados pelo signo ouro, que transmitem mais a vertente luz que a sua oposta, a faceta trevas, mas em todos eles ela se faz presente, com maior, menor ou mesmo insignificante intensidade. Diria mesmo que o mesmo se verifica em todos os 36 cartões lenormand, mas defendo que essa intensidade não é tão perceptível como no contexto naipeano dos ouros. Críticas e sugestões são sempre bem recebidas, pois o meu objectivo, a posteriori, é o aperfeiçoamento do texto, assim como um estudo alargado dos naipes e a sua significação dentro do sistema Lenormand.
A todos os que me acompanham e, naqueles momentos de maior desespero e inactividade, foram a luz que me distanciaram das trevas, aqui deixo expresso o meu muito obrigado. As luzes sabem quem são....e as trevas também!
Votos de um óptimo fim-de semana,

Jorge




quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Andy Boroveshengra e o Navio


“ O Navio, o Símbolo da comércio, traduz uma grande riqueza, que será adquirida por intercâmbio comercial ou herança; se próximo da Pessoa, significa uma viagem próxima”

PHILIPPE,

Herdeiro de Mlle. LeNormand.

O Navio, carta terceira do nosso peti-Lenormand, sinaliza oportunidades e intercâmbios comerciais, realidades essas descritas pelas cartas circunvizinhas. O seu significado “tradicional” é o de empreendedorismo e actividade comercial, que o auspicioso Navio fornece a qualquer indivíduo, pautado por uma garantia de melhoria e enriquecimento.. Um outro significado primeiro da carta é o de herança e, na prática borovoshengrana, aparece, a maioria das vezes, como uma oferta ou uma garantia (regra geral, financeira) de alguém para com o consulente.
Quando o Navio se hospeda próximo do cartão do/a consulente, a oportunidade de viagem é imediata, desejada ou esperada. As cartas circunvizinhas, como afirmado, são determinantes na classificação e pormenorização dessa viagem, dada a polaridade positiva-neutra da carta. O Navio, entendido como viagem de duração prolongada, mostra o/a consulente expectante em um ou mais países e, adquire, no contexto apresentado, o próprio meio de transporte utilizado: um comboio, um avião e, evidentemente, um navio.
Um significado muito importante que o Navio adicciona à leitura é o de SAUDADE ( a “longing”), sentimento nostálgico por alguém ou alguma coisa, expectativa de ver alguém, desejo de ir a algum lugar e, por extensão, saudade de alguém já falecido ou alguma coisa já extinta.
A carta em si, justaposta a outras cartas, na leitura boroveshengrana, pode materializar o estágio final da vida do indivíduo e, mesmo a morte física. “Philippe” apresenta a carta da Torre como sinonímia de idosidade, idade avançada, longevidade e, Boroveshengra, por associação lógica, lê nas combinações Torre (19) + Navio (03) e/ou Torre (19) + Navio (03)/ Cartão do Significador (28 ou 29) + Caixão (08) a finalização do “life-span cicle” do indivíduo (ciclo de vida do indivíduo).
O Navio, fisica e personologicamente, materializa um indivíduo masculino, embora não seja regra, um homem estrangeiro ou de descendência estrangeira. A exterioridade geográfica do mesmo é a palavra-chave. Empresário ou um técnico de vendas, ou mais frequentemente um freelancer (profissional autónomo), o indivíduo-navio é, intrinsecamente,um outsider, qualificado como idealista e sonhador.
Na terminologia médica, o Navio representa o fígado, o baço, o pâncreas e a vesícula biliar.
A carta pode indicar também uma viagem imperativa, por motivo de doença, quando circunvizinhada por cartas “infecciosas”. Indica também o medo intenso e específico de viagens de barco, navio, cruzeiro ou avião. Pode indicar também dificuldades de adaptação (Nuvens + Estrelas + Navio).
A presente disertação segue, ipsis verbis, a mesma estrutura e bibliografia apresentadas nas exposições anteriores. O seu axial é o livro de Andy Boroveshengra, Lenormand Thirty Six Cards: An Introduction to the Petit Lenormand. Esclareço que reconheço as minhas limitações e lacunas ainda existentes, como estudioso boroveshengriano. O original do autor e a linguagem petit-lenormândica “tradicionalista” foi a minha preocupação primeira. A todos os que comigo continuam nesta viagem, deixo expresso o meu muito obrigado, esclarecendo sempre que críticas e sugestões para um maior aperfeiçoamento são sempre bem recebidas.

Jorge Silva



ENTENDER O “PRÓXIMO” E O “DISTANTE” NA LEITURA DO GRAND TABLEU LENORMAND – MANUAL PRÁTICO I

O método NFMth (Near & Far Method), aparentemente complicado e “desactualizado”, é um método extremamente riquíssimo e pormenorizado, que permite uma macro-abrangência temática e o continuum dinâmico, que caracteriza o petit-Lenormand. Pensemos num epicentro, o significador e, a partir dele, vamos verificar a influência/ não influência da proximidade/afastamento da polaridade do cartão em relação ao mesmo.... Vamos analisar o TREVO: o seu significado primeiro é “sorte”. LOGICAMENTE, quando mais próximo o cartão estiver do significador, maior é a intensidade da sorte na vida do consulente! Quem não quer ter sempre a sorte por perto? Essa é a LÓGICA da leitura do Trevo, pelo método apresentado por “Philippe”, em 1846. Outra carta, onde a lógica é nítida, o Cão. Quanto mais próxima do significador, maior é a confiabilidade, a intimidade e a amizade demonstrada. E pergunto uma vez mais: Quem não quer ter o(s) amigo(s) próximo(s)? Qualquer um de nós. Essa é a leitura da carta pelo método apresentado. Próxima da carta significadora, o Cão apresenta-se como um amigo e, como na realidade, quando maior o afastamento, menor é a sua influência, podendo mesmo adquirir polaridade contrária, quando distante ou muito distante, a de um indivíduo não confiável. Outro exemplo significativo, o Urso, como “protecção” ( e sabemos que toda a mãe é uma protectora) . Próximo, a carta traduz segurança, estabilidade, segurança, mas quando mais afastada da significadora, mais diminuta se torna essa protecção, adquirindo mesmo a significação de desfavorecimento, desvalidação e vulnerabilidade em em relação ao outro (entenda-se o outro como o corpus social do indivíduo). Um outro exemplo desta dinâmica lenormândica, a Montanha, o obstáculo irremovível e intransponível e o inimigo. Neste contexto, inimigo(s) quando mais afastado(s) melhor, e é essa exactamente a significação da carta. Próxima ela traduz um inimigo e/ou um obstáculo “ciclópico, como a Montanha e afastado, esse inimigo, adquire polaridade positiva e converte-se num aliado influente e statualmente bem colocado. O Parque traduz sociabilidade e nós, como seres sociais, imperativamente precisamos dela. Quando mais próxima a carta, maior é a interactividade social do indivíduo. Se afastada, a mesma apresenta-se estagnada e o indivíduo num contexto apragmático. O mesmo se verifica com o Sol, a Lua e os Peixes, o self e a valorização pessoal, o status e o reconhecimento social e meritocrático e as finanças. Quem não deseja na vida todos estes ingredientes próximos de si? Qualquer um de nós, LOGICAMENTE. Assim funcionam estas cartas na dinâmica lenormândica, quando próximas da significadora. Distanciadas da mesma, a polaridade é invertida, e no indivíduo é bem presente o sentimento de desvalorização pessoal, a esterilidade, o ignotismo, a insatisfação e a instabilidade e a não produtividade material.
Outro exemplo significativo é a Árvore, a nossa saúde e aqui pergunta: Quem de nós deseja ter próximo a “sobrecarga” de preocupações com a saúde? Ninguém! É neste contexto, que a carta, quanto mais afastada da significadora, mais minimiza as preocupações com a mesma, preocupações essas ampliadas quando a carta aparece hospedada nas proximidades. Finalizo a primeira parte desta exposição, com carta Caminhos, as bifurcações e optatividades que nos são apresentadas. Evidentemente, que qualquer um de nós manifesta interesse em afastar de si dúvidas e hesitações e, assim funciona a carta, quando afastada da significadora. Subtrai essas situações e permite uma maior clarificação na realização.
Importante sublinhar, que todas as cartas são influenciadas, na sua significação, pelo “clouded” e o “not clouded” ( a carta n.º 06, as Nuvens), pela proximidade de cartas de polaridade negativa, pela sua hospedagem “sobre” e “sob”, à “direita” e “à esquerda” da significadora e, pela própria interacção com as outras cartas ( a justaposição das cartas, característica do nosso petit-Lenormand). Dúvidas, críticas e sugestões são calorosamente recebidas.

Abraços. Jorge

Imagem: Exemplo de uma "AndybC cross spread", extraída do blog http://dailylenormand.wordpress.com/



domingo, 14 de setembro de 2014

Andy Boroveshengra e o Trevo


“ A folha do trevo é também um prenúncio de uma boa notícia, mas se rodeada pelas nuvens indica uma grande dor; no entanto, se o N.º 02 estiver próximo do N.º 29 ou 28, a dor será de curta duração e, em breve, mudifica para uma situação agradável”

PHILIPPE,

Herdeiro de Mlle. LeNormand.

O corpus da presente dissertação sobre a carta N.º 02, o Trevo, bebeu nas mesmas fontes bibliográficas, que as utilizadas no estudo pretérito da carta do Cavaleiro (01), os originais boroveshengranos. Sobre a interpretação da mesma carta no Brasil, Andy é taxativo no seu extinto blog: “I d`ont believe in “schools”. I do believe there is an independent “Brazilian” system of fortune telling which some practise with petit-Lenormand cards”. Perfilho da mesma óptica de Boroveshengra.
O excerto que acompanha o Trevo, no “Das Spiel de Hoffnug”, sentencia “Podes ser extremamente afortunado, desde que executes o Teu dever com honra e integridade” ( tradução de Alexsander Lepletir, inhttp://www.clubedotaro.com.br/site/h23_20_cigano_Alexsander.asp). O Trevo petit-Lenormand, intrinsecamente, adquire a mesma significação, sorte, felicidade e divertimento e, na minha opinião, oportunidade oferecida. Estes significados, porém, estão subordinados à ambiência circunvizinha da nossa carta. O Trevo promete também conforto e companheirismo, sempre que a ambiência supracitada o permita.
Qual é essa ambiência, perguntamos? Boroveshengra afirma que, quando localizado próximo do cartão significador e não subordinado a influências negativas, a expectativa é de minimização de momentos desagradáveis ou mesmo de subtracção de um período de solidão, até então existentes. A situação, no entanto, é revertida, quando o Trevo está localizado nas imediações das Nuvens, o “clouded”, ou de cartas extremamente negativas. Esta ambiência traduz o aumento dos problemas e o desenvolvimento ou mesmo agravamento das dificuldades. Quando distante dos cartões supracitados e distante da significadora, prognostica alguns problemas, e os cartões circunvizinhos vão diagnosticar a gravidade dos mesmos.
Assim como as cartas n.º 34 e 15, os Peixes e o Urso, o Trevo pode em si, sinalizar dinheiro. No entanto, ao contrário dos Peixes, a carta representa quantidades menores. O Trevo adquire também o significado do seu “amealhamento” pessoal, a sua reserva ou stock financeiro pessoal, por isso atente se a Raposa e/ou os Ratos estão hospedados nas proximidades.
O Trevo, como um cartão indicador de sorte, assim como o Sol, apresenta a mesma reduplicada e as novidades optimizadas, quando os Pássaros estão presentes.
Importante salientar que o Trevo é um cartão de “tempo” momentâneo, e nessa condição, oferece um período de tempo diminuto: três, quatro dias, no máximo, um mês. Está nesta situação, a combinação Trevo, acompanhado das Cegonhas e/ou os Caminhos, que prolonga o período até uma semana ou um mês.
O Trevo na saúde mostra uma recuperação corpus/mens, holisticamente falando. No entanto, em contacto com cartas sinónimas de “doença” (o Caixão, a título de exemplo), indica a necessidade de mineralização e vitaminação orgânica, principalmente através de legumes e frutas.
Fisica e personologicamente, o Trevo caracteriza um indivíduo alegre, agradável, afectuoso e apresentável. Na proximidade das Nuvens, o indivíduo apresenta-se como pessimista, solitário e de personalidade depressiva. O indivíduo, muitas vezes, é obeso e o cabelo é de cor castanho (marrom, no Brasil) ou avelã e os olhos, regra geral, esverdeados.
Identifico o Trevo nas palavras de Rubem Alves, “Infinitamente belo, insuportavelmente efémero.”.
Votos de um bom domingo. Jorge

sábado, 13 de setembro de 2014

A. Boroveshengra e o Cavaleiro



“ O Cavaleiro é uma mensagem de boa sorte – se não circunvizinhada por cartas desfavoráveis, traz boas informações, que a Pessoa pode esperar advindas da sua própria casa ou do exterior; esta situação, contudo, pode não acontecer imediatamente, mas depois de algum tempo”

PHILIPPE,

Herdeiro de Mlle. LeNormand.

O texto apresentado é, na sua quase integridade, a tradução ( directa ou adaptada) do excerto do livro de Andy Boroveshengra, Lenormand Thirty Six Cards: An Introduction to the Petit Lenormand, consagrado ao Cavaleiro petit-Lenormand, assim como extractos de análise do extinto blog do mesmo autor,http://boroveshengra.blogspot.pt/, situação essa, por demais conhecida e, honestamente, lamentável para o corpus de estudo do nosso petit-Lenormand. Sempre que, necessário, socorri-me do texto do mesmo autor,https://boroveshengra.files.wordpress.com/2014/09/petit-lenormand-descriptions.pdf, para uma maior profundidade na análise do cartão, nomeadamente na terminologia personológia e morfológica, assim como acrescentei algumas informações, que considerei imperativas. Esclarecimentos apresentados, reafirmo, como nos meus textos anteriores, que qualquer incongruência com o o
riginal boroveshengriano é da minha completa responsabilidade (“toda a tradução é sempre uma traição”, já me dizia um professor universitário).

Boroveshengra apresenta como significado primeiro do cartão n.º 01 do petit-Lenormand, o mesmo apresentado por “Pilippe”, em 1846, informações, entendidas como novidades e actualidades informativas. Quando a carta do Cavaleiro aparece distanciada da carta significadora, indica informações provenientes do exterior ou dalguma distância geográfica exterior ao consulente. Quando próxima é um indicador de mensagens da própria vizinhança ou mesmo de alguém da própria casa do consulente ou da própria família do mesmo. A natureza da mensagem é oferecida pelos cartões circunvizinhos. Tocada pela carta das Nuvens, ou outras cartas negativas, a conotação menos positiva da informação trazida é activada ou mesmo intensificada.
Fisica e personologicamente, “AndybC” qualifica a carta como um indivíduo do sexo masculino, elegante, jovem, bonito e, muitas vezes, atlético. Os naipe dos corações identificam, a priori, o sexo masculino, assim como os de espadas (folhas) identificam o sexo feminino – veja-se os naipes regentes das cartas nº. 28 e n.º 29, o A de  e o A de , respectivamente. Estando a carta enquadrada no contexto naipiano das  , ela em si pode representar um homem, a posteriori, materializado na vida do consulente. Esse é o motivo, pelo qual a nossa carta em estudo, próxima do Coração, ou da Aliança + Lírios, prometer, muitas vezes, um novo interesse amoroso do sexo masculino e, portanto, a carta representa também o companheiro e/ou o cônjuge, numa relação homoafectiva masculina (a Serpente é utilizada para a companheira e/ou o cônjuge, numa relação homoafectiva feminina).
Boroveshengra explicita também exemplos do contrário, contextos onde a nossa carta apresenta uma figura feminina, nomeadamente, a carta 29 (a Mulher) + a carta 01 (Cavaleiro), uma mulher atlética e elegante e a carta n.º 15 (Urso) + a carta n.º 01 (Cavaleiro), uma supervisora feminina atraente.
O Cavaleiro também pode significar o nosso meio de transporte pessoal, desde a bicicleta ao nosso automóvel. Literalmente, materializa o animal representado pela carta, o cavalo (assim como a carta do Cão pode representar um cão e a carta da Raposa, um gato).
O Cavaleiro é um cartão rápido, de polaridade positiva-neutra, por isso a informação trazida com ele raramente demora. A carta, quando presente, pode também exigir uma atuação rápida em qualquer assunto.
No quesito saúde, o Cavaleiro informa sobre uma melhoria e simboliza, anatomicamente, todos os ligamentos do corpo humano, assim como as pernas, os joelhos e os tornozelos.
Reencaminho, para um continuado estudo da carta, o excelente texto sobre a mesma, extremamente pormenorizado e enriquecedor, auctorado por Odete Lopes e econtrado no blog “Conversas Cartomânticas”:http://conversascartomanticas.blogspot.pt/2013/08/blogagem-coletiva-petit-lenormand-01-o.html. Mais informação sobre a carta, a autora fornece no seu blog, http://segredosdopetitlenormand.blogspot.pt/2013/11/tecnica-da-carta-cavaleiro.html.
A todos os que me acompanham nesta jornada pelo petit-Lenormand e pela “tradicionalidade” do mesmo, aqui expresso o meu muito obrigado.

Jorge Silva



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Andy Boroveshengra: as 36 lâminas petit-Lenormand e as palavras-chave associadas


A presente dissertação apresenta as palavras-chave, atribuídas por “AndybC”, a cada uma das 36 cartas do “nosso” petit-Lenormand, no seu livro “Thirty Six Cards – an introduction to petit-Lenormand” . Recorde-se, antes de entramos no objectivo principal da exposição, que Boroveshengra desmistificou a ideia de “escolas” ou “métodos”. O método é único, o apresentado por “Pillipe Lenormand”, o autor defende sim, a existência de variedades dialetais (a variação diatópica ou geolinguística, utilizada na Socioinguística). O autor, no livro supracitado, apresenta o significado tradicional a cada umas das 36 cartas, significado esse influenciado pela proximidade ou afastamento da carta do Significador e da carta n.º 06, as Nuvens. Uma significação mais pormenorizada, assim como significados adiccionais, baseados na própria experiência do autor, são também apresentados, assim como o significado básico no domínio da “saúde”. Importante salientar, que Boroveshengra relembra que as cartas não podem ser utilizadas como prognóstico médico. Perfilho da mesma opinião: as cartas funcionam como sinalizadores de potencialidades apresentadas ao consulente. Não pretendo alargar-me em pormenorizações dos significados adiccionais, das combinações e exemplos, proximidade e o afastamento, o “clouded” e o “not clouded” (o lado nublado/não nublado da carta das Nuvens) apresentados pelo autor, porquanto acredito que só uma leitura integral do livro permite aquilatar da profundidade, riqueza e profissionalismo de Boroveshengra na recuperação do verdadeiro petit-Lenormand. Pretendi, isso sim, a fidelidade ao original inglês, vertendo numa linguagem límpida e num português, que desejei corrente, a linguagem “boroveshengrana”, aplicada ao petit-Lenormand.

Andy Boroveshengra, “ Trinta e Seis Cartas – uma introdução ao petit-Lenormand”, por Andy Boroveshengra, 2014

1) Cavaleiro: novidades; um homem; veículos;
2) Trevo: felicidade; companhia; sorte
3) Navio: viagem; comércio; nostalgia (a nossa “saudade”)
4) Casa: lar (casa/habitat); ambiente doméstico; empresa
5) Árvore: saúde; tempo; inércia
6) Nuvens: infelicidade, problemas; confusão
7) Serpente: traição; complicações; “emaranhados da vida”;
8) Caixão:doença; fins; perdas
9) Bouquet: felicidade (aqui também traduzo como “momentos agradáveis do dia-a-dia”); ajuda; presentes
10) Foice: perigo; agressão; criminalidade
11) Chicote: desentendimento; recaída; repetição
12) Pássaros: aborrecimento; stress; comunicação
13) Criança: confiança; pequeno; criança (filhos)
14) Raposa: engano; errado (ilegal/não correcto/ilícito); fraude
15) Urso: poder; protecção; inveja
16) Estrelas: sucesso; noite; norte
17) Cegonhas: mudanças; recolocar (algo ou alguém nalgum lugar); nascimento
18) Cão: amizade; fidelidade; um homem
19) Torre: idade (no sentido de longevidade e idosidade); oficial; isolamento
20) Jardim: comunidade; público; sociedade
21) Montanha: obstáculo; inimigo; barreira
22) Caminhos: escolhas; intersecções; crises
23) Ratos: ladrão; perda, ansiedade
24) amor; afeição; amabilidade
25) casamento; contracto; contactos
26) Livro: segredos; educação (formação); o desconhecido
27) Carta: comunicações (raramente cara-a-cara); papel (documento); superficialidade
28) Homem: homem; consulente (masculino)
29) Mulher: mulher; consulente (feminino)
30) Lírios: família; sexualidade; protecção
31) Sol: sucesso; sorte; optimismo
32) Lua: trabalho; honras (aqui traduzo como “meritocracia”, “status”, ou o termo usado por Alexsander Lepletier, “reconhecimento social”. Obrigado Ale :D)
33) Chave: sim, certeza; destino
34) Peixes: rendimento; projectos financeiros; negócio
35) Âncora: esperança; alicerce; estável
36) Cruz: dificuldades; destino; fé (em alguém ou alguma coisa)

Sempre que entendi, que precisava de ampliar uma explicação a determinados temos ou acrescentar um “extra”, assim o fiz, sempre sem nunca me afastar do original. Evidentemente, como desenvolve o autor no seu livro, a proximidade e/ou afastamento; a presença (obscura ou clarificadora) da carta n.º 06 – As Nuvens e a sua proximidade/ou não proximidade são determinantes, e podem mesmo maximizar, minimizar ou mesmo alterar os termos-chave apresentados. O livro de Boroveshengra pode ser adquirido in: http://www.amazon.com/Lenormand-Thirty-Six-Cards-Introduction/dp/1500582484
Qualquer lacuna ou imperfeição, apresentada neste artigo, é da minha inteira responsabilidade Críticas e sugestões, que permitam aperfeiçoamento e ampliação (e mesmo clarificação de conceitos) das temáticas apresentadas são, agradavelmente, bem recebidas.
A todos que comigo iniciaram esta caminhada e me apoiaram deixo publicamente expresso o meu reconhecimento e o meu obrigado.



terça-feira, 2 de setembro de 2014

"Hooper's Conversation Cards", 1775 - uma primeira tentativa de abordagem

A exposição apresentada pretende ser um esboço sobre um futuro artigo, que tente clarificar (caminhamos no campo das probabilidades) a influência do deck de Hooper sobre o protótipo do Petit Lenormand, o "Das Spiel der Hoffnung" e o próprio Petit Lenormand, nascido em 1846. Há dias chegou ao meu conhecimento o artigo "A New Revelation about the Origin of the Lenormand", encontrado no site "Burning Serpent Oracle" de Robert M Place and Rachel Pollack (o mesmo é encontrado em anexo, no final do texto). Nele lemos que o deck oracular de Hooper foi encontrado na "Waddington Collection", no Museu Britânico, e foi publicado a 02 de Outubro de 1775 (o site Tarot History Forum oferece a data de 02 de Agosto de 1775). O artigo afirma ainda que o deck de Hooper parece ser o antecessor de todos os decks Lenormand. É o primeiro baralho onde a carta n.º 35, a figura de um indivíduo com uma âncora, aparece nominalizada como "A Esperança". No mesmo deck encontramos o nome de Cottage, "A Casa de Campo", para a carta n.º 04. As lâminas nº. 08, 13, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 28, 29, 31, 32 são designadas como "Morte", "Inocência", "Fidelidade"; "Palácio"; "Jardim"; "Crime"; "Ruína"; "Coração"; "Gentelman"; "Lady"; "Fortuna"; "Honra", respectivamente. A lâmina n.º 15 é designada "Caridade" e é representada por uma figura feminina coroada (uma mãe? uma rainha?) a amamentar e proteger duas crianças. A lâmina n.º 34, nominalizada a "Liberalidade" (aqui traduzo como "Generosidade), é representada por uma mulher a oferecer moedas a um pobre, acompanhado da sua criança (os Peixes Lenormand como alimentação; subsistência?). A seguir apresento um excerto retirado do site "Tarot History" com o nome das 36 cartas do deck de Hooper e algumas imagens originais do mesmo.

"1775 HOOPER'S CONVERSATION CARDS - This is known often as Tragedy & Comedy as this is the only card in landscape layout - This set consists of 55/56 cards, engraved. The cards could be used as a game - speaking on a subject on your card and the next person having to follow on with a related story that will include their card - also the style of the cards would be suitable for Fortune Telling - The cards are in excellent condition lightly used but no damage, spots etc - The full set of cards is Tragedy & Comedy, World*, Palace*, Cottage*, Somebody*, Nobody*, Old Maid, Old Batchelor*, Courage*, Heart*, School, Prudence, Parson, Fortitude, Wit , Courtship, Flattery or Deceit, Church, Fidelity, Ruin, Liberality, Law or Security*, Pride, Justice*, Harlequin or Player, Innocence, Gratitude*, Bottle*, Cupid or Love, Poverty*, Friendship, Contemplation*, Folly or Idleness, Economy (Oeconomy* - our version), Charity*, Lady, Physician, Shift; Religion, Equipage, Plenty*, Disappointment, Gluttony*, Fop, Fortune*, Death, Hymen or Marriage, Gentleman, Crimes*, Honour, Garden, Industry*, Time, Treachery, Hope*, Punishment*..." in http://forum.tarothistory.com/viewtopic.php?f=11&t=879.

O texto apresentado, apesar das suas lacunas e lacunas detectáveis, insuficiências essas da minha inteira responsabilidade, surge como uma primeira abordagem da multiplicidade de influências entre os numerosos decks existentes no século XVIII e XIX, nomeadamente o de Hooper sobre o nosso Petit Lenormand. A tarefa é exigente, mas mesmo assim, entreguei-me a ela e, acredito, que com sugestões e correcções de mestres, amigos e colegas, a materialização da mesma será para breve. A todos votos de uma óptima Terça-Feira e o meu bem-haja. Jorge Silva 



Espadas e Paus: Contextos naipianos antagónicos?




Na leitura naipiana alemã, o naipe de paus (as bolotas) adquire sinonímia negativa - sejamos pragmáticos, a mais negativa - , materializada nas cartas Nuvens, Serpente, Chicote, Raposa, Urso, Montanha, Ratos, Anel e Cruz, cujas palavras-chave dominantes são problemas, falsidades, violência, agressividades, engano, autoridade, agressividade, dificuldades, perdas, roubos, "fardo", subjugação e subordinação (Quantas "Alianças", nos séculos XVIII e XIX, não se resumiam a uma obrigatoriedade social e judaico-cristianicamente imposta??!!) Estas cartas podem, muitas vezes, indicar também, indivíduos extremamente desagradáveis existentes na vida do consulente, a título de exemplo, um/a ex-cônjuge, um/a ex-namorado/a, um/a ex-sócio/a, um/a positor/a, um/a estratega, um/a oportunista,....( a lista é imensa). O naipe de espadas (as folhas), inversamente, era considerado o naipe mais positivo (alegre-se, se numa jogada o número de naipes de espadas for abundante - 4 ou mesmo mais-, "maybe you are a lucky one) e traduz esperança (no "Jogo da Esperança", a Âncora finaliza e adquire exactamente esse significado), agradabilidades, alicerciamento, reciprocidade/feedback social. A sua presença é indicador de exploração, projecção e expansão (Navio), oferendas, agrados e estética (Bouquet ou Ramalhete), novidades e rebornings (Criança), cristalização e estruturação (Torre), socialização e interacção ( Jardim ou Parque), receptividade e comunicação (Carta), mulher como simbologia do prazer (Mulher ou Dama), estabilidade, integridade, autenticidade e corpus familiar (Lírios) e estabilidade e equilibração (Âncora). A mulher lenormândica, como símbolo de prazer (a perspectiva que apresentei), será objecto de estudo num outro tópico, conquanto a espada pode também personificar um coração subjugado trespassado por um gládio (aqui a(s) perspectiva(s) e comentário(s) pode ser de extrema utilidade e apelo ao(s) mesmo(s)). Falar sobre o universo Lenormand, com todo o seu corpus simbólico e histórico-socio-cultural é uma actividade deliciosa, exigente, pela ainda existência de uma mistificação, que envolve o baralho, a pluralidade de "regionalismos" e as minhas próprias lacunas em história e cultura central europeia, nomeadamente alemã, , lacunas essas que pretendo suprir em futuras postagens e com a colaboração de mestres e amigos, apaixonados pelo Petit Lenormand. Sob a égide dos Paus, mergulhado no magnetismo das Espadas, aqui se inicia uma caminhada, coadjuvada pelos Copas e alimentada pelos Ouros, onde o objectivo primeiro é a apresentação (ou a reaproximação) da mesma linguagem apresentada por "Philippe", no ano de 1846. A todos deixo expresso o meu muito obrigado....com muitas espadas no coração rsrs.




"...there is a distinction between just using petit-Lenormand cards, which can be used in any way person so chooses, and reading the petit-Lenormand "method" (i.e. distance, attendance, formation,...So if you diverge from the method, you`re not reading the petit-Lenormand, you`re just using the cards."

                                                         Andy BC (Andy Boroveshengra)





Esta blog, ainda na sua forma embrionária, vai permitir multi-abordagens sobre o que, hoje, é universalmente conhecido como "Baralho Cigano". O proto-Petit Lenormand aparece em 1798/99, na cidade alemã Nuremberg ou Nuremberga, auctorado por Johann Kaspar Hechtle, com o título de "Das Spiel der Hoffnung" (Jogo da Esperança). "Philippe Lenormand", no ano de 1846, publica na Alemanha o primeiro manual de instruções, o LWB (Little White Book), juntamente com um deck, Petit-Lenormand. A técnica "Near" e "Far" (proximidade/afastamento, relativamente à carta Significadora) e a "clouded" e "not clouded" (proximidade/afastamento das cartas da carta das Nuvens), existentes no Grand Tableau (GT), aparecem, pela primeira vez, pormenorizadamente explicadas, no manual de instruções supracitado. Os significados das cartas são paralelos aos de um deck encontrado em 2013, por Mary K. Greer, nominalizado "Les Amusements des Allemands", publicado em 1796, em Londres. O manual instrutivo acompanhante deste deck foi baseado num outro publicado na Austro-Germânia, em 1794.