segunda-feira, 29 de setembro de 2014

E A FÉNIX RENASCE DAS CINZAS........ Luz e Trevas no Lenormand – O naipe de Ouros [texto sujeito a revisão e aperfeiçoamento póstumos]



O Schellen alemão (sino), mais conhecido entre nós pelo nome de diamante, losango, moedas ou ouro, aparece no Petit Lenormand sob a égide do elemento Fogo (vide Helen's Lenormand dictionary, inhttp://lenormanddictionary.blogspot.pt/p/helens-lenormand-dictionary.html) e traduz na leitura factores externos ao indivíduo, caracterizados pelo inopino aparecimento de oportunidades e inoportunidades, contextos de adição e subtração significativos, onde a marca da luz e das trevas se faz presente. Entenda-se luz como uma potencialidade apresentada e trevas como uma eliminação da mesma. Esta observação é bem visível em cartas que, intrinsecamente, apresentam o factor escuridão, eclipse, ceifamento bem presente, nomeadamente o Caixão (ou Urna) e a Foice. A carta número 10 Lenormand, o Caixão, traz em si, significados como fim (o “the end”), o eclipsar, o mortificar, o apragmatizar, além da conotação evidente de doença psico-emocional e orgânica. A Foice apresenta conotações idênticas, mas a sua acção é sempre uma transformação (positiva ou negativa). Esta lâmina é caracterizada pela sua implacabilidade, pela sua extração célere e imprevisível de algo que já está morto ou mesmo em processo de putrefacção, seja ele um sentimento, um pensamento, um órgão do nosso organismo, um indivíduo ou mesmo uma conjucção de situações desnecessárias. Ela também caracteriza a energização aplicado no modus laborandi do homem agrícola, e por extensão, do odontologista, o médico cirurgião e o criminoso. A Foice e o Caixão são duas cartas que potencializam uma transformação, mas também todos os processos que minimizam ou inutilizam o ser humano, retrocessos e terminações inevitáveis no nosso life-span cycle, extinções, eclipses e cortes indispensáveis, interna ou externamente, de elementos impossibilitadores do desenvolvimento do animal humano e do animal não-humano (usando a terminologia biológica).
O schellen petit- Lenormand outorga os cartões Trevo(02), Aves(12), Caminhos(22), Livro(26), Sol(31), Chave(33) e Peixes(34) e oferece o oportunismo aos jogadores e o empreendimento aos Indies da vida. Mas é também um naipe cujo efeito é imperdoável e implacável, quase imperceptível, cujos efeitos são significativamente percebidos só no processo de cicatrização. Estão nestas condições o Trevo, o Sol, a Chave e os Peixes, o Caixão e a Foice. O continuum luz-trevas lenormand é perfeitamente compreendido nestes cartões. O Trevo oferece o factor o (como denomino o factor “oportunidade”), momento esse, efémero e diminuto, momento de luz, que pela sua fragilidade, rapidamente se extingue e volatiza (momento trevas). A expressão latina “Carpe diem” é, na minha opinião, a melhor caracterização do Trevo Lenormand. Na nossa vida diminuta, assim como na desta planta, a oportunidade é única e irrepetível.
O Caixão eclipsa o factor light da vida, a luz, num processo de mortificação, que para muitos é um rebornig para uma nova oportunidade. É preciso morrer para nascer de novo.
A Foice (10) é imperativa na nossa vida. Este instrumento de trabalho, quando aparece no jogo, movimenta, rapidifica, imediatiza, intercepta e irrevoga. A Foice Lenormand é celerígrada, modificadora, movimentadora abastecedora e, inversamente, assassina, e aqui a sua inquestonável associação à criminalidade. Ela extingue e adicciona, favorece a luz, na sua capacidade de surpreender, adquirir e recolher, conquanto traduz as trevas, na sua potencialidade de exterminadora implacável.
Uma outra carta, as Aves, Pássaros ou Corujas(12) manifestam o continum luz-trevas, na sua acção concomitante volátil, dúvia, verbal e flertiva, onde umas escapadelas de fim-de-semana, são uma luz ao fundo do túnel e mesmo uma libertação, nesta ininterrupta actividade pipiante, irritativa e exasperante transmitida pela carta.
O cartão Caminhos ou Encruzilhada(22), uma outra lâmina que transmite uma acção concomitante, oferece igualmente a possibilidade do caminho da luz ou do caminho das trevas, na sua significação de divisão, intersecção, multiplicidade, alteridade, dubitabilidade e opcionalidade oferecidas ao indivíduo.
O cartão 26, o Livro, irradia conhecimento e acção formativa e educativa, na sua vertente luminosa. Inversamente a sua vertente obscura transmite o ignoto, o secreto, o desconhecido e o inacessível. Quanto mais conhecimento e formação temos, mais esclarecidos e iluminados somos e assim funciona a lâmina no Grand Tableau Lenormand. Quanto mais distanciado do cartão do Significador, menor é a importância da tenebridade oculta.
Entramos no domínio da big-card, O Sol, numericamente o cartão 31 Lenormand. A carta vivifica o indivíduo, encandece e ignifica uma situação, mas inversamente, há a possibilidade do encandeamento do sujeito. A Chave, o cartão Lenormand n.º33, traduz magnificamente esse continuum luz-trevas, na sua potencialidade afirmativa e solucionável, a acção de “abrir”, mas também intransponível e subtractora, a acção de “fechar” qualquer contexto.
Finalizo com o K do naipe, medalhado no cartão Peixes(34). Aqui o factor luz é dominante, dado que a carta encerra em si significados como multiplicidade, materialização, abastecimento, corporeidade, produtividade, profundidade, intensidade e expansibilidade. O factor trevas só é bem notório, quando a lâmina aparece afastada do cartão do significador.
Esta dissertação permite uma primeira análise do naipe de ouros do petit-Lenormand, na sua manifestação luz-trevas e assim a tentei transmitir. O naipe em estudo é, na minha opinião, o mais heterogéneo de todos os existentes, permitindo uma multiplicidade de significações, onde o indivíduo mergulha no continuum luz-trevas ininterrupta e ciclicamente. Como verificado, há cartões naipeados pelo signo ouro, que transmitem mais a vertente luz que a sua oposta, a faceta trevas, mas em todos eles ela se faz presente, com maior, menor ou mesmo insignificante intensidade. Diria mesmo que o mesmo se verifica em todos os 36 cartões lenormand, mas defendo que essa intensidade não é tão perceptível como no contexto naipeano dos ouros. Críticas e sugestões são sempre bem recebidas, pois o meu objectivo, a posteriori, é o aperfeiçoamento do texto, assim como um estudo alargado dos naipes e a sua significação dentro do sistema Lenormand.
A todos os que me acompanham e, naqueles momentos de maior desespero e inactividade, foram a luz que me distanciaram das trevas, aqui deixo expresso o meu muito obrigado. As luzes sabem quem são....e as trevas também!
Votos de um óptimo fim-de semana,

Jorge




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